Muwaji está vivendo dias de grande expectativa, contando os dias, pronta para voltar para a aldeia com sua família. Depois de um ano difícil vivido no mundo dos brancos, ela se prepara para voltar para a aldeia suruwaha com sua família. Houve momentos em que ela perdeu toda a esperança e quase se viu forçada a voltar à aldeia e sacrificar sua filha Iganani, ou desistir de lutar e entregá-la para a adoção. Mas nada foi em vão. Muwaji venceu obstáculos, conquistou seu direito de ir e vir, recuperou sua dignidade e, o mais importante – conseguiu o tratamento médico para Iganani! Depois de oito meses de reabilitação no Hospital Sarah, em Brasília, sua filha progride e já consegue dar passos com ajuda de um andador.

A alegria das duas é contagiante…A saudade dos parentes é muito grande, bem como a saudade da carne de caça, da rede, da fogueira acesa à noite, dos banhos no igarapé. E a equipe médica decidiu que é o momento de liberar a família para uma breve visita. Apesar dos riscos de rejeição na aldeia, esse retorno é importante tanto pela situação emocional da família, quanto para que a tribo tenha a chance de acompanhar o processo de reabilitação de Iganani e vencer seus próprios preconceitos.

Aos poucos, crianças “diferentes” serão aceitas e valorizadas como seres humanos que são, e a prática do infanticídio será coisa do passado também para o povo suruwahá.